A frase do título é de um dos gênios da MPB conhecido com
Chico Science que fez sucesso com o grupo Chico Science & Nação Zumbi no
movimento mangue em recife.
Esse post não é sobre Chico, mangue ou Recife e sim sobre o
que essa frase pode representar hoje em dia. Vivemos no mundo criado a partir
da fedentina do dia anterior e é simplesmente genial quando alguém consegue
tornar em conceito uma coisa que vemos todos os dias. A história conta como “o
mau do ser humano é ser humano” (frase de Felipe Gonçalves) e hoje através da
mídia consegue ter pleno controle da história. Assim vemos como ele ainda é
pior do se supunha.
Não sou contra novelas, jornais, rolezinhos, funk, música
eletrônica, boates, religião e entre tantas outras coisas que não gosto. Não é
por que não gosto que serei contra algo. Essa é basicamente a diferença entre
preconceito e descriminação. “Posso não concordar com nada que você fale, mas
sempre defenderei o direito de você falar” por mais que às vezes me cause
náuseas. Porém não quer dizer que você possa manipular ou ofender. O mundo de hoje é capaz de ofender aquilo que
ele próprio criou e não é difícil de encontrar essas cenas.
Hoje vivemos de consumo, beleza e violência, pelo menos é o
que passa na TV. Se você não for rico, belo ou fodão não pode ser respeitado.
Isso foi vendido, hoje está dentro da nossa cultura e o povo pensa assim. Por
isso temos Ronaldo Fenômeno, Gisele Bundchen, Galvão Bueno, Datena, Pânico na
Band, Capitão Nascimento, Faustão, JN, Lula, José Dirceu, FHC, todas essas
coisas que controlam ou nos vendem informação de como ser, pensar e existir.
Essa venda de parâmetro vem dos ricos para o povo. Por que é controlando o povo
(pobre) que realmente se ganha dinheiro. Mas tem um grande problema: rico não gosta
de pobre e pobre quer estar onde o rico está. No meio dessa situação toda tem a
classe média que só é a representação da sociedade, ou seja, uma merda quando a
sociedade é uma merda ou quando a sociedade é boa eu simplesmente desconheço,
pois nunca vi uma sociedade boa ou justa. Mas tenho uma grande tendência a
acreditar que enquanto existir classe média ela sempre vai ser mesquinha e
descriminalizadora (culpa de Marx).
Então entramos na grande polemica do momento os ”rolezinhos”
que em geral acho que tanto a burguesia está errada quanto os meninos estão
errados. Bom primeiro os shoppings são
lugares privados de caráter publico. Isso quer dizer que é um lugar privado
(ricos e classe média), mas atende ao publico em geral (pobre, rico e classe
média), ou seja, você tem direito de entrar nesse lugar enquanto ele estiver
aberto. Assim do mesmo jeito que você tem o direito de estar lá, tem o dever de
respeitar quem trabalha (classe média e pobre) ou quem está se divertindo no shopping.
Isso se chama cidadania.
Acho que vocês entenderam a confusão que isso dá ou deu. A
confusão é gerada por que rico não gosta de pobre. A classe média é a cópia
pobre dos ricos, porém ela é mais mesquinha e descriminalizadora. Também a
classe média está muito mais em contato com os pobres que os ricos, ai é mais
fácil de perceber. “A classe média quase nunca é o rico que ela deseja ser e
muitas vezes é o pobre que ela odeia ser”. Por fim tem o povo realmente dito,
que vivem em lugares onde poder publico não funciona como deveria, não possui a
“etiqueta necessária” para estar ao lado dos “fodões” (rico e classe média) e
que precisam de trabalho e entretenimento. Assim temos um lugar onde a própria
propaganda diz que é onde as pessoas devem ir, mas se assustar os poderosos por
falta de educação, falta de cultura ou modo de se vestir acontece à descriminalização.
Lembrando sempre que a falta dessas tantas coisas para a população é culpa do
governo/poderosos/ricos.
E nessa situação toda temos os jovens pobres com uma grande
propaganda de consumo, beleza e violência.
Que consome TV e internet (nova opção de controle de mídia ainda não
muito definido) o tempo inteiro, com informação jorrando e consumindo tudo sem
seleção de bom ou ruim. Logo “tudo que eu gosto é ilegal, imoral ou engorda” é
muito mais fácil escutar Gustavo Lima e assistir o Pânico do que ler Graciliano
Ramos escutar Pink Floyd (até eu tenho que admitir isso). Mas por que então eu
não escolhi o jeito mais fácil?
Por que eu tive uma educação que me fez entender que para
ser um bom cidadão você há de consumir boa cultura e o mundo está cheio dela, a
internet está cheio dela e a TV tem um pouco dela também. Mas tem que selecionar.
Ai que entra a parte difícil! Como fazer uma geração entender que eles não
devem agir da forma que foi ensinada a eles pelo mundo, no lugar que é publico.
Como não ir onde tem “as minas” mais bonitas (padrão TV), onde se tem tudo para
consumir (ostentação), tem uma segurança (violência) e onde sempre foi dito que
é o lugar onde as melhores coisas estão (shopping em SP ou praia no RJ). Isso é
impossível de acontecer, isso vai dar confusão e quem liga para isso? O mundo
de hoje é capaz de ofender aquilo que ele próprio criou e acabamos de encontrar
uma dessas cenas por dinheiro e poder.
Assim é mais fácil de entender o porquê de vender consumo,
beleza e violência do que vender educação ou boa cultura ou respeito. Esse
ciclo se destruiria por si só, fazendo com que muitos (alguns) percam dinheiro
e poder. Que contradição, né! O mundo de hoje é insustentável, pois foi criado
a partir da fedentina do dia anterior sem escrúpulos e vai acabar. Só falta
saber se vai ser do jeito bom ou ruim.